sábado, 23 de outubro de 2010

Conceito de Hotel


Considerando a definição de hotel, MURO (1999, P.18) o define como:
“Um estabelecimento, de caráter público, destinado a oferecer uma série de serviços: alojamento, alimentos e bebidas, entretenimento e que persegue três grandes objetivos”:
a) ser uma fonte de receita;
b) ser uma fonte de empregos;
c) oferecer um serviço à comunidade.”
O hotel, segundo JANEIRO (1991), é definido como sendo um estabelecimento que deverá fornecer um bom serviço de alojamento, de refeições, bar, tratamento de roupas, informações turísticas e de caráter geral. CASTELLI (1987, p.11) estabelece que um hotel, é uma empresa prestadora de serviços e diferencia-se completamente de outras empresas do tipo industrial ou comercial. Já para TORRE (1989, p.13), o hotel é uma instituição de caráter público que oferece ao viajante, alojamento, alimentos e bebidas, assim como entretenimento.
Cândido e Viera (2003) diz que Hotel é a palavra genérica que identifica e define diversos tipos de estabelecimentos comerciais destinados a acolher, alimentar e entreter pessoas.
E acrescenta:
“O hotel é uma atividade permanente de prestação de serviços que opera 24 horas por dia, durante o ano inteiro, e seu principal produto, a diária hoteleira, é altamente perecível”. CÂNDIDO & VIERA (2003, p.49)
Para Vallen e Vallen (2003), a palavra hotel surgiu em Londres, em torno do ano 1760, mas só começou a ser utilizada nos Estados Unidos cerca de três décadas depois. Ela foi anglicizada a partir do termo francês Hôtel Garni, ou “mansão ampla e mobiliada”.

O desenvolvimento da hotelaria no Brasil e no Mundo


A hotelaria no Brasil tem seu início considerado como sendo o da acomodação dos índios em terras brasileiras feita pelos portugueses. É quando de sua chegada, estes inserem noções de hospedagem aos não civilizados índios. (CNC, 2005)

Descoberto há cerca de 500 anos e tendo sua colonização se iniciado há pouco mais de três séculos, o Brasil é um país muito jovem, e nossa tradição em hospedagem foi baseada em modelos europeus e, posteriormente, norte-americanos. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998, p. 81)

A célebre carta ao Rei de Portugal, Dom Manuel, do escrivão Pero Vaz de Caminha retrata o primeiro registro desse episódio: “O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça de cada um seu coxim (...). E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram.” (CAMINHA, 1963)
O trecho acima narra o primeiro contato entre duas tradições de hospitalidade: a indígena (que recebeu os portugueses como sendo “mensageiros de Tupã”) e a portuguesa, que herdara a visão sagrada de hospitalidade dos antigos. (CNC, 2005)
Caminha nos conta que o Capitão recebeu os indígenas oferecendo-lhes comida. Porém, não quiseram comer quase nada do que lhes serviam: pão e peixe cozido, doces, mel, figos passados. “Se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora”, conta o escrivão. “E então se estiraram de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas”. Foi então que Cabral mandou pôr almofadas sob suas cabeças e um manto para cobri-los. (CNC, 2005)
Ao chegar ao novo mundo, os portugueses precisavam colonizar o território, para impedir que outros povos o colonizassem. Para tal, era necessário colonizar, não somente o litoral brasileiro, como também, o seu interior. Foi daí que surgiram as expedições bandeirantes. (CNC, 2005)
Os caminhos abertos pelos bandeirantes, usados no trânsito entre o litoral e as regiões mineradoras fizeram surgir os primeiros focos de hospedagem no Brasil. Eram ranchos rústicos em que havia atividades comerciais no piso inferior e no o outro andar era destinado à acomodação dos viajantes. (CNC, 2005)
Esse tipo de hospedagem durou até meados do século XX, agora, também com a atividade agropecuária que movimentava esses caminhos com o transporte de gados bovinos e eqüinos. Foi quando começaram a surgir mais estradas e caminhões para transportá-los, o que acelerou as viagens. Antes, os rebanhos faziam viagens de milhares de quilômetros em numerosas comitivas. Hospedavam-se em sítios próprios para acolher esse tipo de viajante, sítios que possuíam até mesmo pasto com água para os animais. O pagamento da hospedagem, não raro, era feito com cabeças de gado, o que incrementava o valor da fazenda. (CNC, 2005)
Nas cidades do Brasil-Colônia, a hospitalidade típica dos portugueses (que a consideravam como sendo sagrada) fez retardar a consolidação da hotelaria como atividade comercial. Na maioria das residências de todo país, era imprescindível que tivesse quartos para abrigar os viajantes. Algumas vezes essa hospedagem tinha cunho político e material. (CNC, 2005)
Assim como ocorreu na Europa, as instituições de caráter religioso da ordem católica abrigavam muitos viajantes em hospedarias, que eram construídas ao lado dos mosteiros. Além disso, a Igreja em vários pontos do país construiu “hospícios” (do latim hospitium, hospedagem, pousada) para acomodar religiosos em viagem. (CNC, 2005)
Um episódio que, com certeza, fez aumentar a quantidade de hospedarias no Brasil foi a chegada da família real no Brasil, em 1808, o que gerou um “choque de demanda” e a possibilidade de expansão da hotelaria. O Brasil nunca havia visto tamanha movimentação nem em três séculos de existência. E em 1808 chega uma tropa com mais de 10 mil pessoas contando com a família real, todos os nobres, os oficiais superiores, os altos funcionários e suas famílias. Somente a bagagem dos tripulantes foi colocada em 14 navios abarrotados. Assim, a atividade hoteleira começou a encontrar os motivos para sua expansão. (CNC, 2005)
Além disso, a chegada da família real trouxe muitos investimentos de capitais estrangeiros, a baía de Guanabara passou a ficar cheia de navios, o mercado ficou abarrotado de produtos importados e as edificações se multiplicaram, por que, também, muitos estrangeiros aqui desembarcavam. (CNC, 2005)
A partir de então começou a chegar às ruas o vocábulo “hotel”, que vinha da boca de estrangeiros, que o requisitavam, ainda sem sucesso. Sendo uma palavra de origem francesa, até 1813, ela ainda não estava no dicionário da língua portuguesa.  Mas, logo, as casas de hospedarias dos mais variados níveis começaram a utilizar o termo, que lhes conferia mais prestígio. (CNC, 2005)
Porém, a imprensa registrava que os hotéis da cidade não passavam de restaurantes. Um bom exemplo foi o Hotel Pharoux, criado em 1817 como um restaurante, dois anos mais tarde, já oferecia ao cliente não apenas boa comida, mas também quarto mobiliado. Em 1838, já era o estabelecimento de maior prestígio no Rio Imperial, ponto de reunião de estrangeiros. A figura 1.A mostra um hotel da época, com restaurante no piso inferior e acomodações hoteleiras no 2º piso. (CNC, 2005)



Figura 1.A: Grande Hotel da la Paz

“As pensões localizavam-se um andar imediatamente abaixo da residência do proprietário, que ainda explorava no térreo uma mercearia ou empório de secos e molhados.” (CÂNDIDO & VIERA, 2003, P.38)
O Rio foi o pioneiro na expansão da hotelaria no Brasil, justamente pelo súbito aumento do fluxo de estrangeiros. Outros mercados turísticos brasileiros viriam a crescer apenas algumas décadas depois. (CNC, 2005)
Houve uma época em que o desenvolvimento da hotelaria no Rio e em algumas cidades do Estado de São Paulo foi maior do que o normal. Foi na época em que os cassinos tiveram seu apogeu. Muitos hotéis eram construídos para ser sedes de cassinos. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)

Hotelaria no mundo
Na caracterização da hotelaria internacional, percebem-se as peculiaridades da hotelaria nos Estados Unidos, que foi formada, especialmente, em margens fluviais. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Inicialmente, a hotelaria americana obedeceu aos critérios europeus, em especial os ingleses. Mais tarde foram-se formando vilarejos no oeste do país. Lá apareceram os sallons, que eram bares e restaurantes que ofereciam comida, bebida e diversão a que os visitasse. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Assim como na Europa, os Estados Unidos da América (EUA) também obteve um bom impulso no ramo hoteleiro devido ao aumento na utilização das carruagens. Porém, da mesma forma, o declínio veio pouco depois, com a chegada das ferrovias, que aceleraram as viagens, o que diminuiu a quantidade de hóspedes nos hotéis; já que as viagens já não demoravam mais tantos dias como antigamente. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Os hoteleiros tiveram que se adaptar a nova tendência mundial. Modificando o endereço de suas instalações para mais perto das ferrovias. Os que tiveram essa iniciativa prosperaram. Mas muitos tiveram que fechar as suas portas. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Uma peculiaridade da hospedagem nos EUA foi o surgimento, nas margens dos rios navegáveis, de hotéis de apoio aos barcos fluviais; que costumavam apresentar defeitos, levando alguns dias para serem sanados. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Os primeiros grandes hotéis, entretanto, surgiram na costa do Atlântico; já que naquela região a navegação marítima possuía intensa movimentação de passageiros. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
A partir da 2º guerra mundial houve a possibilidade de maiores investimentos na área do turismo. Foi o que fizeram diversos países como a Itália, Espanha, Noruega, Suécia, Dinamarca, que investiram fortunas em turismo. Tal fato estimulou e muito a construção de hotéis nas capitais e nos principais centros de atração turística do mundo. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Esse foi o ponto de partida para criação de corporações hoteleiras, cujos nomes são conhecidos por todo mundo: Accord, Holiday Inn, Hilton, Meridien, Sheraton, etc. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
O Lincoln Hotel, em Nova York, é um exemplo típico desse investimento. Nos anos 50 investiu bilhões de dólares e se transformou no ultra moderno Manhattan. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)

Como era a hospedagem na idade Moderna, Contemporânea e como é nos dias atuais


Hospedagem na Idade Moderna
A Idade Moderna tem início com o fim do Império Romano, em 1453, e estende-se até 1789. Nessa época o transporte mais eficiente era o cavalo; por meio do qual eram realizadas as viagens de longo curso. (CÂNDIDO & VIERA, 2003). E, no século XVII, em 1650, as diligências (carruagens puxadas por cavalos) consolidaram-se como um transporte de grande influência na expansão hoteleira. (CAMPOS & GONÇALVES, 1998)
Na Inglaterra, surgiram mais de seis mil novas hospedarias com serviços ligados às carruagens, como os de reparo e serviços de troca de cavalos e até estábulos. Fato que demonstra o quanto a hotelaria tem sua história e crescimento tão atrelados aos transportes, estradas e à economia. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
O uso dos cavalos como meio de transporte nas estradas romanas fez surgir alguns tipos de hospedaria. Foram eles: o stabulum (acomodações para o viajante e tratamento da montaria), as mutationes (mantidas pelo Estado, destinadas à troca de animais e ao repouso de viajantes), as mansiones (destinadas a abrigar tropas militares em marchas) e as tabernae (onde se vendiam produtos da terra, comidas e bebidas). (BELCHIOR & POYARES, 1987)
A Idade Moderna marca a era das primeiras leis criadas referentes à hotelaria. A partir do ano de 1446 foram criadas leis sobre hospedagem na Inglaterra e o reconhecimento dos hoteleiros londrinos aconteceu no ano de 1514; quando eles passaram de hostelers (hospedeiros) para innholders (hoteleiros). (MEDLIK & INGRAM, 2002).

Hospedagem na Idade Contemporânea
                A hospedagem na Idade Contemporânea é marcada, principalmente pela Revolução Industrial, a partir de 1790. O fato estimulou o desenvolvimento mundial em todos os segmentos.  Os meios de transporte foram melhorados, a economia foi se tornando uma atividade mais ativa e, com isso, as viagens se tornaram mais freqüentes. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
O progresso e a evolução da comunicação fizeram surgir alguns conceitos do ramo hoteleiro. Na Europa, surgiu a chamada indústria hoteleira com característica e filosofia de empresa destinada a explorar comercialmente a hospedagem de viajantes. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
Esse foi um período de grandes inovações. Países procuravam investir novas técnicas de construção e utilizar toda a evolução tecnológica da época em seus novos empreendimentos hoteleiros. Alguns inovaram com a iluminação a gás, outros com uma arquitetura diferenciada. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
Com o advindo da máquina a vapor, o mundo testemunhou o crescimento da hotelaria. Embora os primeiros hotéis tenham surgido no século XVIII, seu crescimento se deu quando as ferrovias e navios a vapor criaram mercados grandes o suficiente para possibilitar o surgimento de hotéis maiores; fazendo com que estes, juntamente com as pensões e pensionatos dominassem o mercado de hospedagem desse período. (MEDLIK & INGRAM, 2002)
Com a evolução dos trens, houve uma queda na procura por diligências e as ferrovias passaram a ser o meio de transporte preferido. Com isso teve de haver um novo planejamento quanto à construção de hotéis e pousadas. Repensar sobre o tipo de construção, o tamanho, a viabilidade econômica e, principalmente, a localização, se era perto ou longe dos terminais ferroviários e das cidades. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
Em 1841, Thomas Cook inova promovendo a primeira excursão fretada especialmente para transportar pessoas. Cook levou de trem 540 pessoas entre duas cidades inglesas. Com isso Cook estimulou o turismo de lazer e inseriu um novo conceito que até hoje continua crescendo: o turismo planejado. Já em 1845 ele havia criado uma agência de viagens e no ano de 1851 conseguiu um saldo de 165mil pessoas transportadas. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
As inovações não pararam de acontecer. Inúmeros hotéis, diante da concorrência e da possibilidade tecnológica que se estava produzindo na época, investiram em melhorias e atrativos que angariassem mais e mais hóspedes. O Palmer House Hotel, inaugurou a primeira estrutura hoteleira à prova de incêndio; outros investiram em iluminação elétrica, outros em características arquitetônicas. Em 1880, já havia um hotel com teatro, capela, lavanderia e loja de jornais e revistas, o Savoy Hotel. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
Entre os fatos e inovações que mais marcaram a época, a fundação da Escola de Administração Hoteleira de Cornell, com certeza está entre eles. Além deste, outro fato importante foi a expansão do Stevens Hotel, em Chicago, que se transformou em maior hotel do mundo no período, com 2.700 apartamentos. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)

Hospedagem nos dias atuais

A hotelaria pode ser considerada a indústria de bens de serviço. E, como qualquer ramo industrial, possui características próprias de organização e sua finalidade principal é o fornecimento de hospedagem, alimentação, entretenimento, segurança e bem-estar dos hóspedes. (CÂNDIDO & VIERA, 2003, p. 37) COMEÇAR COM CITAÇÃO DIRETA, PODE? E sobre o espaçamento entre a citação e o texto...

Com bem pode ser visto, os conceitos do ramo hoteleiro mudaram. Na Idade Antiga, era o próprio hóspede quem deveria lavar suas roupas, produzir sua comida e fazer a sua própria segurança. Atualmente, esses são quesitos básicos para qualquer hotel, não um diferencial. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
A preocupação nos dias atuais é a excelência no bom atendimento e a diversificação e qualidade nos serviços oferecidos aos hóspedes.  Para isso tem sido intensificada a quantidade de cursos especializados para a qualificação do profissional hoteleiro. E, nas últimas três décadas, essa qualificação tem sido um fator decisivo no processo de seleção de pessoal. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)
Um fato curioso e marcante da evolução hoteleira nos dias atuais é a utilização de mão-de-obra feminina, que era proibida antigamente, quando somente homens podiam atender hóspedes. (CÂNDIDO & VIERA, 2003)